terça-feira, 30 de outubro de 2012


Verdes são os campos

A ponta de um corno como bandeira
à beira mar plantada e no campo trigo
pobre, um lavrador, sem eira nem beira
tendo por morgado o único inimigo

pobre porque? será pobre a esperança?
ser feliz um sonho, aos filhos dar abrigo
pede trabalho, mais do que vingança
nos calos as letras, cantarei  contigo

mudo, cantarei a liberdade para ti
cantarei amor que me desconheces
o cantar são armas que a um deus pedi

a ponta de um corno, o que nos deixaram
mas guardei semente, plantarei ali
se nascerem cravos, florirão o chão

Carlos Tronco

sábado, 27 de outubro de 2012


Um lenço; sem dizer adeus

com a idade perde-se a precisão do gesto
as palavras já não acariciam, magoam
a voz treme, as cordas vocais destoam
perde-se a compostura, a esperança e tudo o resto

era necessário, poder dizer-lho ao ouvido
de quem foi outrora tropical, o sopro quente,
um murmúrio largo e talvez comprido
que a faria rir, ficava eu contente

sonho impossível, humano não é divino
milagres das rosas, não havia pão
chovia, baldes de agua, eu sonhava vinho

nem copo , garrafa, nada tinha à mão
letras eram poucas, pouco sei dizer
sê feliz mulher, eis o meu sermão

Carlos Tronco
Ifs
26/10/12