sábado, 23 de outubro de 2010

Malhadas


Malhadas

Olha-me.
Mas não vejas em mim,
O cansaço de um caminho
Que apenas sonhei.
Sente a esperança
Que depositei
Em cada grão de trigo
Que ofereci à terra.
A terra é estrangeira,
Mas o sol é nosso, de todos
Em conjunto.
Como a chuva que nos molha,
Como o orvalho que nos acorda.
Avança.
A cada passo, a terra gira
E a seara não tarda a ondular.
O vento, mesmo vadio,
Sopra. E vem de longe.
Sonhei sim.
Sonhei soprar
Nos teus cabelos
Desguedelhados
Até sentires
o sabor dos meus lábios
Na tua nuca.
Como é agradável
O olor do pão quente...
Morde-me agora!
Pois amanhã, não sei
Se voltarei a semear.

Carlos Tronco
UniCaen
23/10/10

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Métodos numéricos

Não soube.
As agulhas estagnavam
Num espaço tempo
delimitado
por um arco de circulo
completo
Dividido em doze porções
talvez cada uma,
uma
parte de um evangelho
e cada minuto que passava
uma reza,
um capitulo
de um dos apostolos
que teria preferido
a certeza do divino
à aproximação de uma integral.
Desesperadamente,
o tempo não corria,
e proporcionalmente à velocidade do tempo
a minha folha de papel
continuava absolutamente vazia de sentido.
Tinha adotado as matematicas
no terceiro ciclo
e passava então
o meu primeiro exame.
Santa Trindade:
Lagrange, Cauchy e Simpson
Ajudai-me
pois eu não sei como fazer.

Carlos Tronco
UniCaen
20/10/10